Revista Galileu
Nesta semana, a Câmara dos Deputados
coloca em prática uma resolução do ano passado que criou um laboratório
hacker dentro da casa. A ideia é diminuir a distancia entre as
atividades legislativas e o debate sobre novas tecnologias.
A inauguração oficial ocorre nos dias 18 e 19 de fevereiro. “É a
materialização de uma vontade — da Câmara e nossa — de continuar
explorando essa fronteira entre políticas/políticos e sociedade”,
Assina o hacker Pedro Markun, envolvido com a iniciativa.
Segundo ele, no “clima pesado e tenso” em que se encontra a relação das
pessoas com a política institucional, o laboratório se firma como uma
possibilidade de diálogo que, espera o hacker, pode sobreviver à Copa e
às eleições fazendo o “trabalho de formiguinha” de transformar a cultura
política.
A criação do LabHacker é resultado de um Hackathon, realizado em 2013
na Câmara dos Deputados. O objetivo é que ele funcione como um
laboratório aberto onde qualquer um possa levar e desenvolver seus
projetos ligados à tecnologia e à política.
O evento de abertura desta quarta-feira, 19, vai incluir a inauguração
do espaço pelo presidente da Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves, e
uma série de palestras. Privacidade na web, como usar o conhecimento
das redes sociais no processo legislativo, os escândalos de espionagem
da NSA e jornalismo de dados são alguns dos temas.
Choque cultural
O cotidiano hacker não está muito próximo ao vivido pelos
parlamentares. “Hoje, vim de saia, fui barrado rapidamente para
esclarecimentos na portaria”, conta Markun. “Depois de alguma conversa e
de apontar que nada no regimento interno me impedia de andar por aqui
de saia — resolveram deixar.”
O hacker diz que é um “exemplo bobo”, mas representativo do ponto de
vista do enfrentamento cultural que está pela frente. Afinal, a rotina
de um hackerspace, com madrugadas produtivas regadas a pizza, é
incompatível com o funcionamento regular da Câmara. “Acho que essa
oxigenada na forma de fazer e pensar o espaço da política no Brasil é
talvez o grande ganho desse espaço.”
Balchant
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