quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Submundo da espionagem com cubo de Rubik.

Snowden usou cubo mágico como tática.


Reportagem do jornal The New York Times traz detalhes das conversas de Edward Snowden com o jornalista Glenn Greenwald e a cineasta Laura Poitras. O complicado esquema de segurança dos três incluía guardar smartphones na geladeira antes das conversas. E um cubo mágico serviu de senha no primeiro encontro.


Confira manchetes da primeira página diária do jornal The New York Times

A reportagem é assinada pelo repórter Peter Maass, que está escrevendo um livro sobre vigilância e privacidade. Ele conta que Laura Poitras trabalhava num documentário sobre a espionagem americana quando recebeu um e-mail de um estranho que dizia ter informações a compartilhar.

Snowden, o estranho, pediu que ela enviasse sua chave criptográfica pública. O código permitiu a Snowden mandar mensagens cifradas que só ela, com sua chave privada, podia decifrar. Essa técnica, de criptografia com duas chaves, é frequentemente usada para a troca de mensagens sigilosas.

Snowden enviou, então, instruções a Laura sobre como reforçar a segurança. O objetivo era impedir que a criptografia fosse quebrada por meio de um ataque de força bruta com supercomputadores. Laura deveria escolher frases longas para a geração das chaves criptográficas. “Assuma que seu adversário é capaz de fazer um trilhão de tentativas por segundo”, escreveu Snowden.

Laura não sabia com quem estava lidando, diz Peter Maass. Mas sabia que era uma organização poderosa -- talvez a CIA, a NSA ou o Pentágono. Snowden enviou a ela uma lista de ferramentas de espionagem que a Agência de Segurança Nacional americana usa. Impressionada, Laura desconectou seu computador da internet e removeu, dele, as informações secretas.

Por causa de seus documentários, ela já havia sido interrogada diversas vezes por autoridades americanas. Ela desconfiava que era vigiada. Pessoas que ela havia entrevistado haviam tido seus computadores apreendidos. Por isso, ela usava criptografia quando falava com pessoas visadas.

Depois do contato com Snowden, Laura passou a usar computadores diferentes para se comunicar, editar seus filmes e ler documentos sigilosos. A máquina que ela usa para abrir os documentos fica sempre desconectada da internet. “Laura estava mais cautelosa comigo do que eu com ela; e eu sou notoriamente paranoide”, disse Snowden a Peter Maass.

A pedido de Snowden, Laura entrou em contato com Glenn Greenwald, jornalista que vive no Rio de Janeiro e trabalha para o jornal britânico Guardian. Era ela quem estabelecia as normas de segurança.

“Ela determinava que computadores eu usava, como me comunicava, como deveria proteger as informações e onde as cópias seriam armazenadas”, contou Greenwald a Peter Maass. Snowden enviou diversos documentos aos dois. Em junho, eles voaram para Hong Kong para encontrar o espião.

As instruções eram precisas. Eles deveriam ir até a porta de um determinado restaurante e procurar um homem com um cubo mágico nas mãos. Deveriam perguntar se o restaurante estava aberto. Ele responderia que sim, mas que a comida era ruim.

Esse primeiro contato evoluiu até que Laura e Greenwald foram ao apartamento de Snowden. Lá, todos tiveram de remover as baterias de seus celulares, que foram guardados dentro de um refrigerador. Snowden também envolveu as portas com travesseiros para evitar que as conversas vazassem.

Houve vários encontros como aquele, que foram filmados por Laura. Algumas cenas deverão estar num futuro documentário dela. O que aconteceu depois já é público. Os relatos de Snowden expuseram o gigantesco esquema de espionagem da NSA.

As revelações trouxeram à tona as poderosas ferramentas da agência, capazes de espionar quase tudo que as pessoas fazem na internet, e seus muito braços ao redor do mundo, incluindo o Brasil.




Balchant


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